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  • Foto do escritorRevista Alagoana

‘Como uma deusa’: Fotógrafa alagoana transforma mulheres em quadros renascentistas



Mariana Praxedes mescla suas fotos com edições e elementos da natureza, chegando a um impressionante resultado final



Texto de Anna Sales



O começo de Mariana Praxedes na fotografia já foi adiado algumas vezes. Ela, que sempre gostou mais de fotografar os outros do que ser fotografada, pediu e ganhou sua primeira câmera aos 15 anos. Mas só 11 anos depois, aos 26, é que ela realmente viu o caminho da fotografia para o lado profissional por conta de um ensaio que fez para sua irmã, Yasmin Praxedes. Ela se aventurou em seu primeiro ensaio fine art, tendo a irmã como modelo. Foi um marco em sua fotografia. Dela surgiu o seu primeiro trabalho remunerado, o interesse pelo classicismo, o aprofundamento na história da arte e na fotografia e sua identificação com o estilo.


A Revista Alagoana entrevistou a fotógrafa. Confira na íntegra:


R.A: Como e quando você começou a fotografar?


Mariana - Eu sempre gostei de tirar fotos mais do que de aparecer nelas. Aos 15 anos pedi uma câmera semi-profissional de presente de aniversário. Com ela me aventurei em lightpaint e outras técnicas apenas seguindo tutoriais na Internet, sem ter muita ideia do que eu estava fazendo. Em 2019 levei a câmera para um evento, para me distrair, e as organizadoras do evento gostaram das fotos e me incentivaram a criar um instagram para isso. Eu criei, mas sem muita pretensão ainda. Somente em 2020 comprei um curso online de fotografia, mas não me identifiquei muito porque era mais voltado a paisagens e viagens. Em 2021 entrei um curso básico/intermediário, dessa vez presencial, e finalmente as coisas começaram a se encaixar.


R.A: Quais são suas inspirações para esse tipo de fotografia?


Mariana - Minha fotografia fine art tem inspiração no pictorialismo do século XIX, onde as pessoas ainda estavam incertas sobre se fotografia podia ser considerada uma arte ou se era muito "a cópia da realidade", e por isso os fotógrafos se esforçavam para fugir do básico. Na verdade eu já recebi diversas críticas de amigos e outros fotógrafos por fazer algo tão manipulado, porque a fotografia moderna dá muito valor ao documental. Eu entendo que a minha fotografia não é algo tão "instagramável", as pessoas estão tentando se despir dos filtros (ou pelo menos fingem que estão). Mas eu acho que essas fotos são capazes de levar as pessoas fotografadas a mundos que talvez só existam nos sonhos, no romântico. Eu tento tornar o ensaio uma espécie de experiência, de fazer com que pessoas "comuns", se sintam modelos de um quadro renascentista, ou até divas, deusas! Eu aprendi desde pequena a importância de uma recordação bonita, eu inspiro ter uma fotografia que talvez represente mais do que as pessoas são: o que elas querem ser.


R.A: O que você mais gosta de fotografar?


Mariana - Pessoas, principalmente mulheres. Gosto da intimidade dos olhares. Da delicadeza dos gestos. De ouvir suas histórias enquanto fotografo.


R.A: O que mais te encanta na fotografia?


Mariana - Definitivamente a capacidade de imortalizar as pessoas.


R.A: De onde surge a inspiração para as fotos mais artísticas?


Mariana - Minhas fotos são inspiradas em obras de artes clássicas, na mitologia e na fantasia.





R.A: Como você conheceu e decidiu que queria seguir no fine art?


Mariana - Conheci o fine art, ainda sem essa denominação, no deviantart e no flickr em meados 2010. Alguns chamavam de "estilo russo", porque era predominantemente criado por artistas russos. Eu assistia alguns processos acelerados, mas achava muito trabalhoso. Só fui decidir seguir no estilo depois de experimentar com a minha irmã e acabar gostando.


R.A: Para esse tipo de fotografia, você também precisa de conhecimentos em arte/pintura. Você já era apreciadora dessa manifestação artística?


Mariana - Quando eu comecei eu não tinha muito conhecimento artístico, somente a inspiração de outras fotógrafas fine art, mas logo se tornou óbvio para mim de que eu precisava estudar mais sobre, por isso eu comecei um curso de fotografia inspirada na arte (em 2021, mas que ainda está em andamento) e comprei vários livros. Com certeza pretendo me aventurar ainda mais profundamente no tema.


R.A: Quais suas inspirações na pintura?


Mariana - Principalmente os pré-rafaelitas, mas também os quadros - e esculturas - do renascimento e barroco (como as obras de Caravaggio).


R.A: Qual ou quais fotos você mais sentiu emoção ao fazer?


Mariana - Acredito que a cada foto há uma grande emoção diferente, mas eu achei a minha primeira foto fine art (da minha irmã mais velha) a mais intensa porque havia a conexão por ser alguém extremamente próxima, a tranquilidade de que não haveria consequências se eu errasse, e ao mesmo tempo o desafio de querer alcançar aquele resultado idealizado por nós.


R.A: Suas fotografias tem detalhes e elementos bem particulares. Como você chega nesse resultado?


Mariana - As minhas fotos fine art, por enquanto, são feitas em estúdio improvisado em ambiente externo com bastante luz natural. A edição incluem um fundo característico, que pode ser uma obra de arte de domínio público ou uma textura vintage, limpeza de pele, dodge and burn, colorização e alguns ajustes finos que variam de foto para foto.


R.A: De onde surgiu a ideia de criar o projeto para exaltar as mulheres?


Mariana - Da minha própria feminilidade e vivência. Eu me sinto mais confortável perto de outras mulheres, eu me sinto mais representada quando outra mulher me representa, eu me sinto mais compreendida quando outra mulher me ouve. Eu acredito que as mulheres se conectam de forma especial umas às outras, e eu me senti atraída por essa conexão.


R.A: Suas fotos possuem diversos elementos. Eles são colocados a partir de uma conversa com a fotografada?


Mariana - Sim, sempre há essa troca. Alguns elementos são essenciais a minha fotografia, como elementos da natureza em detalhe, que podem ser adaptadas de acordo com a imagem que a fotografada quer passar. Outros elementos são únicos da idealização de cada uma, e trabalhamos de forma que fique um projeto coeso mas que cada ensaio seja único.


R.A: Como é ser uma mulher que fotografa outras mulheres?


Mariana - Há uma discussão popular sobre como as mulheres só entram nos museus nuas. Não sei se um dia minha arte vai estar em um museu, mas eu queria trazer essa conexão para as minhas musas, de que elas não estão só posando para um fotógrafo, mas que estamos criando uma obra de arte juntas.


R.A: Como é ser da área de biológicas e transitar também nas artes?


Mariana - Eu, particularmente, acho que tem tudo a vê. A necessidade de compreender intrinsicamente a natureza desde os genes até intelectualmente através das artes, está tudo conectado.


R.A: Qual significado da fotografia em sua vida?


Mariana - Fotografia para mim é uma meditação e uma cura, através dela eu me conecto comigo e com o universo.


R.A: Por fim, o que você espera do seu trabalho daqui para frente?


Mariana - Eu espero ter a chance de representar as mais diversas mulheres. Meu trabalho está apenas começando e eu quero continuar a mostrar às mulheres que elas são tão belas quanto obras de artes famosas.

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