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Dia Mundial do Rock: alagoanas ocupam a cena

Texto de Gabriely Castelo

“Nem toda feiticeira é corcunda

nem toda brasileira é bunda

meu peito não é de silicone

sou mais macho que muito homem”

Pagu, Rita Lee e Zélia Duncan

O jeito que as mulheres deveriam se comportar nunca se encaixou nos padrões dos roqueiros. Mulher é o que não falta na cena do rock, e Rita Lee no Brasil é um dos maiores nomes quando se fala no assunto, quebrou padrões, chocou e marcou o país com suas letras e personalidade debochada.

Apesar disso, os homens ainda são maioria dentro das bandas, nas gravadoras e nos estúdios, principalmente quando se pensa em mulheres no rock. A presença feminina na música é muito mais bem aceita quando o gênero é o pop, associado à performance de “beleza” e feminilidade.

Os dados sobre a produção de rock por mulheres no Brasil são quase inexistentes, mas mesmo com todas as dificuldades elas existem e resistem.

“É impossível ignorar, realmente ainda somos uma minoria no rock, mas somos uma minoria muito forte, eu me vejo no meio de tudo isso numa constante luta em todos os sentidos, pra fazer o que eu faço, conseguir espaço para o meu som. Espero que muitas meninas e mulheres estejam se espelhando nessa minoria e a gente avance cada vez mais no rock, como temos avançado” afirma Natasha Aretha, alagoana, compositora e vocalista da banda de rock Fita K7.

A mulher sempre reafirma suas habilidades, principalmente quando possui “características mais femininas”, as quais não são associadas à inteligência, responsabilidade e competência, o que não é o caso do gênero do rock, onde são vistas como musas nas músicas dos homens ou sexualizadas.

Nas pesquisas sobre a vertente no Brasil é possível perceber a pouca representatividade delas na cena.  O rock, como um gênero musical transgressor, ainda reproduz padrões sexistas e machistas.

Em um dos poucos levantamentos feitos sobre a presença feminina no rock, por Ana Cristina Machado e Maria Fernanda Somenzi, nos palcos principais entre os anos de 2012 a 2018 no festival Lollapalooza, é possível observar a pouca ou nula participação das mulheres.

Daniela Serafim, vocalista da banda Invisible Control e uma das idealizadoras do projeto MonsterSide Project, conta que quando começou a fazer shows com a banda Autopsia, 12 anos atrás, a participação feminina no metal era muito escassa, bandas com mulheres em sua formação eram quase inexistentes.

Hoje, a vocalista reconhece que, mesmo lentamente,  as coisas estão mudando, mais mulheres estão sendo ouvidas.

A finalidade do machismo é fazer com que você se questione, se entristeça e desista, isso já aconteceu comigo alguns anos atrás. Já passei por situações em que eu realmente pensei em desistir, porque estava sofrendo muitos ataques, pessoas querendo me diminuir de certa forma.” explica Daniela.

“Infelizmente o machismo e o preconceito existem, é algo que a gente tem que lutar diariamente contra. O que podemos fazer quanto a isso? A gente continua fazendo nosso trabalho, ocupando o lugar que a gente quer ocupar, expressando da forma que a gente quiser expressar, seja cantando, seja tocando, a gente tem que ocupar o nosso espaço.” complementa a vocalista.

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