Revista Alagoana
Já que é pra tombar...
Coluna de João Victor Maciel
O Brasil aguardava ansioso pelo tombo. O BBB virou pauta sociológica, assuntos nas rodinhas, nas fofocas da redes sociais, manchete de jornal. As mentiras, conflitos, humilhações, violências foram elementos do show da rapper Karol Conká. A empatia foi conceito discutido pela maioria ao ver aquelas enojadas cenas. O pouco que vi, por não acompanhar o programa, me fazia tão mal por ser inevitável me perguntar: “E se fosse comigo? E se fosse com meus amigos?” Enquanto Conká humilhava o Ator Lucas e o silêncio perturbador era a reação dos “Brothers”, me questionei: “E se eu estivesse lá, como eu reagiria?”
Apesar das reações pouco expansivas dos participantes em relação ao ódio destilado por Karol, o público se encarregou de se posicionar contra aquelas barbaridades através da eliminação da cantora com uma rejeição de 99,17%. De acordo com os números, a empatia parece exercício muito bem praticado pelos brasileiros, mas quando partimos para outros dados de rejeição, os hábitos não parecem convergir.
As taxas de mortes e conflitos comandados pelo preconceito no país escancara a falta da tão famosa empatia. As “Conkás” espalhadas pelo nosso cotidiano continuam soltas, normalizando comportamentos abusivos dentro do mercado de trabalho, das famílias, das redes sociais e onde mais estiverem. Temos as rejeitado da mesma forma ou continuamos dando mais holofotes? Apontamos o dedo, mas nos examinamos antes disso? Empatia não é sobre o que está em alta, não é sobre honestidade estimulada por popularidade. Empatia não é sobre ser politicamente correto ou militar apenas quando as injustiças são na TV.
Empatia é sobre exemplo, convicção ideológica, é “humanidade” no mais sensível sentido da palavra. Já que é pra tombar, não limite a sua empatia a um reality show, seja essa definição no show da sua própria vida.
