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  • Foto do escritorRevista Alagoana

Nathalia: De Alagoas à Brasília, o olhar para a fotografia de rua

Por Anna Sales





Designer pela UFAL, Mestranda pela UnB, e fotógrafa. Nathalia Feitosa, alagoana de 26 anos, recentemente foi selecionada para expor sua fotografia no Museu Nacional da República, com uma fotografia feita na feira de Porto Calvo. "Sábado é dia de feira, vovó me levava para ajudar nas compras e sempre prometia comprar um dvd de desenho na volta na banca, e era um dia feliz.’, conta.


A Revista Alagoana conversou com a fotógrafa. Confira:


R.A: Como e quando você começou a fotografar? Nathalia: Em 2011. Lembro como se fosse hoje quando minha mãe conseguiu juntar um dinheiro para comprar uma câmera usada para mim. Comecei fotografando minhas amigas em toda e qualquer oportunidade como uma forma de ir aprendendo, pois meu sonho na época era estampar revistas de moda.


R.A: O que você mais gosta de fotografar?


Nathalia: Eu acredito que a resposta muda de acordo com as fases da nossa vida. Eu já gostei muito de registrar pessoas, depois passei muito tempo registrando o espaço e hoje tenho gostado muito de registrar a vida acontecendo. Talvez uma mistura das duas coisas.





R.A: O que mais te encanta na fotografia?


Nathalia: Eu acho bonito o arranjo do cotidiano, quase como se fosse um direção de arte por acaso. Eu amo contrastes de luz e sombra e as cores que vão se encaixando. No lançamento de “Retratos fantasmas", Kleber Mendonça Filho falou que a cidade é muito fotogênica, e eu concordo com ele. R.A: Como surgiu seu interesse por fotografias do cotidiano, e em especial, das feiras?


Nathalia: O meu olhar na fotografia que eu tenho hoje só existe graças ao grupo de pesquisa Nordestanças, da UFAL, no qual fui bolsista durante os anos da graduação e hoje continuo meu vínculo como pesquisadora estando no mestrado da UnB. No grupo, nosso objeto de pesquisa eram as feiras populares do estado, essa aproximação com o espaço fez com que a gente conseguisse expandir nossos olhares para o território e principalmente para as pessoas que trazem vida pro lugar.


R.A: Como foi ter Alagoas projetada em Brasília ?


Nathalia: Foi muito emocionante, nunca imaginei um dia ter algo exposto no Museu Nacional da República. Além disso, a foto foi tirada em Alagoas, num dos momentos de pesquisa de campo do projeto de pesquisa, onde mudamos o foco para as mulheres na feira, que ocorreu logo após a conversa com as mulheres que foram registradas na fotografia, o que torna-se ainda mais representativo.


R.A: Como foi o processo de seleção das fotos para concorrer ao prêmio? Nathalia: Eu descobri a divulgação do evento online e na época mandei para meus amigos que também são fotógrafos, porque achei a oportunidade muito massa. Eu estava sem câmera na época, a minha tinha quebrado no fim do ano passado e lembro que até falei para o meu amigo que se eu fosse selecionada, era o sinal pra eu não desistir da fotografia.


R.A: Qual foi o seu sentimento ao saber que tinha sido selecionada para exposição no Museu Nacional, e que sua foto iria ser exibida na cúpula?


Nathalia: Eu fiquei muito feliz, saí contando pra todo mundo! Eu não sabia que a foto seria projetada na cúpula, eu já estava feliz de ver ela na parede do museu. Meus amigos tinham saído para dar uma volta e me avisaram que a foto estava projetada. É algo que eu nunca vou esquecer.





R.A: Como é ser uma fotógrafa alagoana em Brasília? Quais pontos são parecidos e quais são diferentes?


Nathalia: Brasília é muito diferente de Maceió em vários aspectos, o choque cultural foi grande na minha mudança, então acho que eu tenho ficado mais consciente da formação da minha bagagem cultural, ainda que ela continue se moldando e acumulando referências, é o meu olhar alagoano que predomina.


R.A: Ao se mudar para Brasília, seu olhar fotográfico “mudou” para algumas coisas que você possivelmente não se atentaria antes?


Nathalia: Brasília é uma cidade modernista que pouco chama a minha atenção, ao contrário da maioria das pessoas que se encantam com a arquitetura daqui. Acho que meu olhar fotográfico é construído pela memória afetiva, eu busco aqui coisas que me lembrem de casa. Eu busco a bagunça, as pessoas, o maximalismo, o popular, as cores, a diversidade.


R.A: Você também mexe com processos analógicos, como a fotografia analógica e a cianotipia. Como se deu seu interesse por esses processos?


Nathalia: Também na universidade. O mundo da academia foi e é muito importante para mim, é um espaço que me abre portas para ideias, oportunidades e experimentações.








R.A: Qual o significado da fotografia em sua vida?


Nathalia: Eu tenho gostado muito de pensar na fotografia como registro. Registrar momentos, sentimentos, mudanças e transformações.


R.A: Você tem alguma "foto preferida" ou algum trabalho que gostou muito de fazer?


Nathalia: Tenho! Tem umas fotos que eu fiz que registram o momento em que eu sinto que entendi meu olhar na fotografia. As fotos foram aprovadas no portfólio da Vogue e são fotos na feira, mas registraram a feira fechada, sem as pessoas. Acho muito marcante ver como o cenário muda. Como as pessoas que dão vida a ela.


R.A: Nesse processo da fotografia, especialmente nesses retratos "de rua", você encontrou outras mulheres fotógrafas?


Nathalia: Os encontros físicos foram difíceis, mas durante a pandemia, a proximidade com as meninas do Punho Coletivo foi essencial nesse processo.


R.A: Qual conselho você dá para meninas que querem começar a fotografar?


Nathalia: A gente tem muita história pra contar, acho que essa é a chave principal. As mulheres foram privadas de ter suas histórias contadas, seus pontos de vista. Lembrar que nesses registros, estamos contando histórias.




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